45 anos é muito… Poder absoluto. Discriminação. Política de exclusão. É muita carga perniciosa contra a maioria dos angolanos, praticada por uma tribo (identidade) política que não teima em não ter noção do que é e deve ser um país, cunhado por uma pluralidade e diversidade etno-cultural-linguística e racial.
Por William Tonet
O Presidente da República, partidariamente, líder do MPLA, João Lourenço demonstrou o alcance do seu “riacho mental” ao graduar, pejorativamente, o conceito de paz, ao ser o dia 04 de Abril: Dia da PAZ, descaracterizado no seu simbolismo (antecedido para 02.04, sem justificação), num banquete discriminatório, onde o Chefe de Estado fez questão de apontar a arma que tem dirigida contra Adalberto da Costa Júnior.
Até hoje, intriga se esta animosidade é apenas a demonstração do racismo incubado no MPLA, que não consegue digerir o facto de um angolano, principalmente angolano, que nasceu mulato, estar na liderança do maior partido da oposição: a UNITA ou por temor à sua capacidade intelectual e sentido de Estado.
Estavam lá outros actores da independência, maioritariamente, submissos à ideologia do chefe (MPLA) e os sem pretensão à tomada do poder político (FNLA e PRS). Uma decepção, face à gravidade, sendo ainda condenável, que a selectividade seja, na realidade uma sub-reptícia e boçal instigação ao retorno à guerra.
Foi desolador o riso de Lucas Ngonda, presidente da FNLA, depois de arrotar lagostas do palácio presidencial, indiferente ao sofrimento, fome e miséria, vivido por muitos filhos e antigos combatentes do ELNA, discriminados na pensão de reforma e, que, nesse mesmo dia, uns lutavam, estoicamente, por um saco de lixo, no aterro dos Mulenvos, para matar a fome… É de lagrimar.
O mesmo comportamento teve Benedito Daniel, presidente do PRS, que enxergava e brindava taças de vinho e champanhe, indiferente ao genocídio que desde 30 de Janeiro continua, na localidade do Kafunfu-Kuango, Lunda Norte, onde as cifras atingem, neste momento, 112 assassinatos.
Meus senhores. Entre a fome, mais vergonhosa, porque passa a maioria dos angolanos e a miséria abjecta, corta a respiração e o coração ver líderes em banquetes faustosos, quando os seus quadros emigram para os contentores e aterros do lixo, para sobreviver.
No dia 02 de Abril comemorou-se o DIA DA EXCLUSÃO E INCITAMENTO AO ÓDIO, no Palácio da Cidade Alta em Luanda, para tristeza dos angolanos, cada vez mais distantes de um verdadeiro, honesto e humilde PACTO DE RECONCILIAÇÃO.
O eco está a transpor, rapidamente, a montanha, levando a mensagem da urgência de uma nova aurora. A incompetência não deixa fluir a cidadania, pelo contrário, desde 1975, que aumenta a crispação política, social e económica entre as diferentes identidades que, harmoniosamente, povoam o território, considerado comum.
A maioria dos povos e micro-nações, o cidadão comum, o trabalhador honesto, o camponês, a mulher sofredora e discriminada, a mãe da gestação, sonham, sem sono, por um amanhã, onde o prato de comida, ainda que estratificada, seja capaz, de todos dias, consolidar o valor da liberdade.
Neste hoje, que atrela o ontem e empurra o amanhã, a boçalidade governante, cansa, indigna e revolta, a estratégia de exclusão e eliminação física dos outros.
Os povos estão fartos de sofrer e, na impossibilidade de apelar à sensibilidade dos governantes, começam a “caboucar mentalmente”, duas saídas: o voto GPS (fiscalizado à boca da urna e enviado a um Banco de Dados Independente) e a recusa da ascensão da fraude e da batota.
O aumento da literacia, da consciência dos jovens, talhado no sofrimento, desemprego, fome, miséria e falta de educação, poderá assumir, em 2022, um papel mais relevante, podendo mesmo relegar os partidos políticos, para segundo plano, ante a exigência do Amplo Movimento de Contestação Social, não sucumbir à perpetuação de quem, antipatrioticamente, persiste em driblar e cafrigar as eleições que devem ser livres, justas, secretas e transparentes.
Os sinais estão aí, alertando, a quem de direito, nada ser eterno, principalmente, a ditadura incompetente e anti-país, que assassina quem pensa diferente. Não haverá carreiras de tiro suficientes para eliminar todos os considerados inimigos de um regime responsável por todas as desgraças provocadas pelos seus algozes.
O barómetro de luta das facções “camaradas milionárias”, ambas enriquecidas através do tráfico de influência, peculato, nepotismo e locupletação do erário público, não tem inocentes, honestos ou menos corruptos, tem sim “larápios ideológicos”, que delapida(ra)m o erário público, em sumptuosos e continuados banquetes, face ao controlo transversal do partido no poder, em todos órgãos do Estado, partidocratamente, dominados. Mas, apesar de toda a lambança, ainda acho estar o futuro reservado para conceder uma grande vitória eleitoral em 2022, não à UNITA, mas à grande “COMUDA” (Coligação Mudança da Sociedade Civil), englobando no seu seio os verdadeiros partidos políticos, cidadãos independentes, intelectuais revolucionários, jovens desempregados e empregados, pobres, desmobilizados de guerra, antigos combatentes e miseráveis, com sentimento de país.
E, neste quadro, mesmo com toda a “porcaria informativa tóxica” produzida, diariamente, pelos órgãos de comunicação social públicos, ao serviço do partido no poder, para descredibilizar as outras identidades e raças, tudo aponta para um fim de ciclo. Todos auguram que seja pacífico através do voto limpo e, por via disso disposto a lutarem por ele, nos marcos do respeito e tolerância.
Mas existe também a plena consciência dos autores da mudança não poderem contar com o sistema judiciário, onde tem alojado no seu seio, alguns juízes, autênticos criminosos do direito e da democracia, sempre dispostos a subverter a norma jurídica constitucional e legal.
É preciso amar a força da verdade já que o tempo, este tempo, no nosso tempo, vai desmascarando os golpistas, os batoteiros, os genocidas, que assassinam pela manutenção do poder, porquanto a fome, a miséria, não podem continuar reféns da quadrilha dos marimbondos, carentes de uma verdadeira lição de higiene intelectual.
Eu tenho fé de um dia poder ensinar os maldosos a soletrar as palavras: AMOR, LIBERDADE, VERDADE, DEMOCRACIA, TRANSPARÊNCIA e a odiarem para todo o sempre as máfias assassinas, em homenagem a um novo e decente sistema de justiça e política partidária, porque o país não pode eternizar-se com a lábia velha da extrema-direita do MPLA, que se pavoneia como tendo os melhores quadros, mas só exibe incompetência, na gestão da coisa pública, ao longo de 45 anos de poder, sem conseguir, sequer gerir uma parcela de 10 km2, sem lixo, com água e luz, 24 horas, até mesmo, na capital dos rios: Bié, o povo bebe água turva, não canalizada.
O MPLA está na lama! Atingiu o pico do descrédito e não fosse o arsenal bélico e o controlo dos órgãos da justiça, já teria conhecido a extinção natural, por se ter convertido em PARTIDO LEPROSO DO MAL, face ao volume de discriminação, exclusão, injustiças, assassinatos e genocídios, que carrega nos ombros.
Ficar atrás da UNITA e do seu novo líder, antes mesmo das eleições, é demonstrativo da podridão que reina nas hostes de um partido que dominando todos os órgãos do Estado, não consegue controlar as consciências de todos povos e, principalmente, da juventude, parida e crescida fora dos exércitos beligerantes, que avalia o desempenho do Titular do Poder Executivo, pelos índices do desemprego, estudantes no sistema de ensino, custo de vida, fome e miséria, que ao não serem enxergados poderão ditar uma “vitória” gigantesca das forças político-intelectuais da mudança.